Há muito que ouvirmos falar das Aldeias de Xisto na Lousã. A gastronomia, os riachos e cascatas, as paisagens sensacionais, os percursos pedestres, tudo é motivo para visitar a Serra da Lousã. A curiosidade e o adoração que temos pela natureza levou-nos a pesquisar mais sobre o que visitar na Lousã.
A 30 km de Coimbra, situada no centro de Portugal, a origem da Lousã remonta aos tempos de ocupação muçulmana. O centro histórico ainda hoje conserva vestígios daquela época. Sendo que no concelho em geral, predomina para além de beleza paisagista, monumentos com história, e sobretudo a montanha.
A Serra da Lousã, com uma extensão de aproximadamente 4200 hectares, tem como seu ponto mais elevado o Alto do Trevim, a 1200 metros. Aqui o xisto é dominante, pelas suas belas Aldeias de Xisto. Mas, onde podemos também encontrar azevinho, sobreiros, loureiros e azinheiras.
Nos últimos anos a Serra da Lousã ganhou outra vida e é bastante conhecida para a prática de desportos de aventura. As Aldeias de Xisto vieram também colocar a Serra da Lousã no mapa turístico.
Ora, então o que visitar na Lousã? Precisamente, as tradicionais Aldeias de Xisto. Mas, para quem tiver mais tempo, no centro, podem encontrar magníficas casas do século XVIII, a igreja Matriz e a Misericórdia, o Ecomuseu da Serra da Lousã entre outros locais de interesse histórico.
A Lousã é um destino muito polivalente. O que poderá ser apropriado para família, casais, amigos, que procurem o sossego da serra ou aventuras pela natureza. Poderia muito bem enquadrar-se num destino de Ecotourismo, para mais sugestões de destinos de Ecotourismo em Portugal consultem tudo aqui.
Quanto à melhor época do ano para visitar, é tudo muito subjectivo. Podemos garantir que no Outono/Inverno as cores são surpreendente e a própria Serra da Lousã ganha outro encanto. A Primavera/Verão provavelmente atrai mais visitante por causa do tempo ameno.
De qualquer maneira, o centro de Portugal tem localidades maravilhosas prontas a ser descobertas, sem esquecer as belas Aldeias de Xisto.
As Aldeias de Xisto
A Rede de Aldeias de Xisto é composta na realidade por 27 aldeias. Estão espalhadas por 16 concelhos no centro de Portugal, entre Coimbra e Castelo Branco. Todas elas recuperadas em parceria com Municípios, a Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias de Xisto (ADXTUR) e privados.
Escondidas entre serras e vegetação, as aldeias foram outrora lugares cheios de vida que se perderam no tempo. Hoje renascidas, ganharam novo interesse, sendo um dos segredos mais bem guardados desta região de Portugal.
Na Serra da Lousã são na sua totalidade 12. Cada uma diferente e com um caracter próprio:
– Talasnal
– Chiqueiro – Casal Novo – Candal – Cerdeira – Aigra Nova | – Aigra Velha
– Comareira – Pena – Casal de São Simao – Ferraria de São Joao – Gondramaz |
Aldeias de Xisto visitadas
Estas aldeias fazem parte de um leque de ponto de interesses, do que visitar na Lousã. O nosso conselho é que não tenham pressa. É preferível percorrer poucas aldeias mas realmente perder algum tempo em cada uma.
Neste seguimento, e como tínhamos 3 dias, resolvemos incluir 5 Aldeias de Xisto no nosso roteiro mas, deixamos em aberto o ultimo dia e a possibilidade de acrescentar mais lugares pela Serra da Lousã.
O que visitar na Lousã, num fim-de-semana será:
Casal Novo
No primeiro dia do nosso fim-de-semana na Lousã, resolvemos começa a aventura pela aldeia de Casal Novo. Depois de uma pequena paragem junto à Moldura ‘Isto é Lousã’ (falaremos mais à frente do projecto) e do almoço no Terreiro das Bruxas.
A aldeia de Casal Novo desliza encosta abaixo sobre a mancha verde de floresta da Serra da Lousã. A aldeia é de fácil acesso, sendo que apesar de ‘escondida’ na encosta podemos encontrar uma placa a sinalizar.
A entrada é convidativa e indica-nos para apreciar a vista sob a Lousã e o castelo do miradouro da Eira mas, também procurar pela fonte e tanque da aldeia.
Esta é uma das Aldeias de Xisto que encontra-se bem preservada mas, ainda a sofrer algumas remodelações. Pelo menos vimos uma das casas a ser reconstruída. Existe a possibilidade de alugar ou até mesmo comprar uma destas casinhas.
No final, achamos que a o lugar apesar de belo encontrava-se um pouco deserto. Durante a nossa visita não encontramos ninguém a não ser alguns trabalhadores na reconstrução da casa. Talvez seja da altura do ano, pensamos.
Talasnal
Escolhemos o Talasnal para prosseguir a nossa viagem pela Serra da Lousã. Ficamos logo impressionados quando na entrada da aldeia vimos os verdadeiros habitantes locais. Estamos a falar, pois claro, de gatos.
Agora mais a serio, no Talasnal encontra-se movimento, moradores e visitantes povoam as ruas. O aspecto rústico das casas contrasta com as cores de outono e é de ficar embasbacado com tamanha beleza.
Há pormenores encantadores, como cortinas coloridas nas casas, as quelhas e becos escondidos e o detalhe na recuperação das casas. O Talasnal diríamos que é a maior de todas as Aldeias de Xisto que visitamos e a mais turística também.
Talvez seja uma boa opção do que visitar na Lousã, no outono. Isto porque apesar de tudo não encontramos muitos turistas. Há alojamentos locais, um bar rústico, uma taberna, uma lojinha e até mesmo um restaurante, o famoso Ti Lena.
Ainda há algumas casas a serem recuperadas mas, está aldeia modernizada. Uma das coisas que gostamos de fazer é conversar com os habitantes locais. Claro que aqui não perdemos a oportunidade.
Uma senhora muito simpática falava-nos dos gatos das Aldeias de Xisto. Isto porque durante a nossa visita fomos guiados por um deles. Posteriormente disse-nos que a aldeia recebe muito turismo na altura da Primavera/Verão sendo que no Outono/Inverno continua a ser visitada mas a afluência de visitantes na Serra da Lousã é menor.
Os pequenos negócios estão abertos, à excepção do restaurante, que apenas funciona por marcação. Esta habitante serrana prosseguiu conversa e falou-nos da Ribeira da Vergada que está relativamente perto e a sua água era usada em tempos para regar e impulsar os mecanismos dos lagares.
Lagares esses, que ainda podem ser encontrados na rua principal. A escola da aldeia foi re-aberta em 2015 numa parceria entre a Câmara da Lousã e a Associação de Cooperação da Lousã.
Para finalizar a visita decidimos tomar um café na Taberna Talasnal e provar o tradicional Talasnico, bolinho de castanha e mel. De realçar que podem ainda alugar bicicletas elétricas para junto à Taberna, uma maneira bem ecológica de explorar.
Chiqueiro
Vindos do Talasnal, chegamos então à aldeia do Chiqueiro. Sabemos que existe um trilho assinalado (1km) desde a aldeia de Casal Novo até aqui mas, desta vez não fomos.
Gostamos imenso de trilhos. Mas, a verdade é que adoramos percorrer cada trilho e perder a noção do tempo. Portanto, decidimos logo que haveríamos de voltar à Serra da Lousã e dedicar o nosso tempo só aos percursos pedestres.
A aldeia do Chiqueiro à semelhança de Casal Novo encontrava-se deserta. Não encontramos ninguém e para dizer a verdade só não ficamos desiludidos porque tínhamos acabado de explorar o Talasnal onde encontra-mos vida.
A aldeia em si encontra-se num ponto elevado da Serra da Lousã, envolvida em densa vegetação e vista panorâmica pitoresca. A capela de Nossa Senhora da Guia é um dos pontos do que visitar na Lousã, na aldeias do Chiqueiro. Local que parece ter parado no tempo.
Apesar de termos lido de outras pessoas, que o Chiqueiro estaria deserto algo que fazemos sempre é ver com os nossos próprios olhos. Até porque não há experiencias nem gostos iguais. Só porque para nós não nos atraiu, se calhar para outra pessoa vai ser extraordinário.
Para terminar este primeiro dia de fim-de-semana na Lousã voltarmos para o centro. Não sem antes fazermos uma paragem num local onde se lê a palavra ‘Lousã’ e onde se pode ter uma vista magnifica. Não nos demoramos muito, já estava a escurecer e o frio do outono a apertar.
Cerdeira
Iniciamos o segundo dia do que visitar na Lousã, pela Cerdeira. Ficamos perdidos de amores por uma das mais dinâmicas Aldeias de Xisto. Tanto que passaríamos toda a manhã aqui (e acordamos bem cedo).
Ao entrarmos na Cerdeira encontramos a capela de Nossa Senhora de Fátima, pequeno local de culto. Mais à frente, o terreno é declinoso, com uma pequena fonte construída em 1938 pela Câmara Municipal da Lousã e onde podemos refrescarmo-nos com a água de nascente.
A Cerdeira é mágica, as casas desalinhadas pela encosta da Serra da Lousã abaixo e escondidas entre o verde da vegetação deixa-nos desde logo embasbacado com o que estamos a ver. No início da rua, numa placa podemos ler Cerdeira – Home for Creativity, aqui a arte e a criatividade fundem-se.
A nossa curiosidade era tanta, que apressamo-nos a tentar encontrar alguém na aldeia para sabermos mais. Entraríamos num pequeno café onde no rés-do-chão existe também uma galeria.
A rapariga do café foi extremamente simpática, explicou-nos que existe também uma biblioteca e a galeria expõe muitas das peças feitas por artistas ali na Cerdeira, maioritariamente cerâmicas.
Num impulso, começamos a falar sobre as casas da aldeia e perguntamos se realmente poderíamos ver o seu interior. Com todo o gosto, abriu-nos a porta de uma dessas casas, a qual pode ser alugada, com bastante antecedência, pois normalmente esgotam. As casas nas Aldeias de Xisto são muito populares.
As casas possuem nomes, sendo esta a Casa das Vizinhas, onde uma pequena porta abre e temos acesso a outra casa, sendo que poderá ser alugada para uma família numerosa. Outra característica é que todas as casas são decoradas por artistas que aqui estão ou passaram. Esta que visitamos, vemos no quarto uma peça em madeira que retrata as mulheres idosas portuguesas à janela.
Prosseguimos a visita já sem companhia, até os ateliers. Entretanto outra senhora, artista, residente em Portugal há 30 anos convida-nos a entrar num dos ateliers. Explica-nos que a Cerdeira é hoje local de criação artística, através das residências internacionais, da realização de workshops de formação e de pequenas experiências criativas.
Diversos artistas procuram aqui inspiração, através do contacto com a natureza e do sossego da Serra da Lousã. Na Casa das Artes e Ofícios um artista açoriano trabalha o barro. Intrigados, perguntamos o porquê de um açoriano ter assentado numa das Aldeias de Xisto da Serra da Lousã. Entre gargalhadas, diz-nos que é semelhante aos Açores, muito verde.
Por curiosidade, a aldeia da Cerdeira foi já retratada num filme de João Mário Grilo. Para nós foi sem dúvida uma das mais surpreendentes Aldeias de Xisto, tanto que gostaríamos muito de alugar aqui uma das casas e volta. Quem sabe até mesmo para um workshop num dos ateliers.
Candal
Vindos da Cerdeira e já com pouco tempo exploramos um pouco do Candal. A aldeia situada na encosta da Serra da Lousã, onde todas as casas beneficiam de exposição solar.
Está estrategicamente localizada junto à Estrada Nacional que liga Lousã a Castanheira de Pera e ao ponto mais alto da Serra, Trevim a 1200metros. Sendo que é muitas vezes considerada uma das mais desenvolvidas e visitadas das Aldeias de Xisto.
Possui uma pequena ribeira homónima, a qual no outono ganha força. Logo na sua entrada temos a Loja Aldeias de Xisto onde, se situa no rés-do-chão o restaurante Sabores da Aldeia.
O nosso destaque nesta aldeia vai para o chafariz de 1941 na berma da EN236 e com um poema que enaltece. Mas, não menos importante é a antiga escola primária, os 5 moinhos hidráulicos, ao longo da margem direita da Ribeira do Candal, construídos em 1920 e o lagar de azeite, construído em 1919 e recuperado recentemente.
Comareira
No último dia do nosso fim-de-semana na Lousã e como ainda tínhamos algum tempo, decidimos percorrer mais algumas Aldeias de Xisto. Neste seguimento, a nossa primeira paragem foi a aldeia da Comareira.
A aldeia é das mais pequenas existentes na Serra da Lousã. Assim que passamos na estrada, um pequeno banco convida-nos a parar, sentarmo-nos, e valorizar cada ângulo da localidade.
Comareira é um ponto soalheiro todo o dia, mas onde infelizmente parece não existir mais vida. Apenas encontramos uma senhora que pastava gado serra acima. Sendo, que não conseguimos falar com ela porque entretanto desapareceu pela vegetação densa com o gado.
Uma das casas encontra-se recuperada e episodicamente, alguns turistas pernoitam aqui. Há também vários grupos de currais e pequenas construções que albergam galinhas. Talvez pertença à senhora que pastava o gado.
Esta aldeia é um ponto estratégico para todos os visitante que se interessem pelas praias fluviais da região ou até mesmo pelo Parque Florestal da Oitava.
Aigra Nova
Seguindo pela pequena entrada somos levados até Aigra Nova, não muito distante da aldeia da Comareira. Esta aldeia divide-se em três pequenas ruas cheias de vida e com projectos interessantes.
Mal pisamos Aigra Nova fomos recebidos por dois simpáticos (ou não) habitantes, dois cães de grande porte a latir. No entanto, assim que começamos a caminhar, acompanharam-nos sem grandes alaridos.
Na aldeia podemos encontrar a sede da Lousitânea, responsável por vários projectos que visam a conservação e valorização do património natural e cultural da Serra da Lousã.
Neste sentido encontramos um espaço de educação ambiental, a ‘maternidade de árvores’, inserida no Ecomuseu Tradições do Xisto. Os visitantes são livres para apradinhar uma árvore, dar nome, pagar uma quota anual à Lousitânea. Quando a árvore chegar à fase adulta os padrinhos podem ajudar na plantação da mesma na Serra da Lousã contribuindo assim para a biodiversidade.
Na Loja Aldeias de Xisto podemos adquirir os produtos tradicionais e locais, mas também há serviço de bar e refeições ligeiras. Aigra Nova foi sem dúvida uma surpresa agradável neste nosso último dia pelas Aldeias de Xisto.
Aigra Velha
No alto da encosta da Serra da Lousã, encontra-se a pequena aldeia de Aigra Velha. É a mais alta das Aldeias de Xisto (770m). Com poucas casas é uma das mais intrigantes entre as várias aldeias.
Assim que chegamos, os nossos olhos nem queriam acreditar no que viam. A paisagem singela torna-a única, onde parece que tudo parou no tempo. Rodeados de ar puro, montanhas, o verde da vegetação contrastava com o azul do céu e as pequenas nuvens escuras que ao fundo se avizinhavam.
Por momentos, fechamos os olhos e sorrimos. Adoramos sítios assim, onde a natureza está intacta e imperturbada pela azáfama.
Aqui consegue-se ver a Serra da Estrela que parece estar bem perto mas, na realidade a distância é considerável.
Assim que entramos na aldeia, no início da descida, encontra-se uma fonte onde podemos refrescar-nos no tempo de calor. Mais uma vez, fomos recebidos por uma cadela preta de grande porte, muito meiga, que nos acompanhou a visita toda.
Uns metros abaixo, encontramos finalmente alguém, um senhor tratava da vinha perto do ribeiro que passa por entre o vale. Não incomodado com a nossa presença, saudou-nos e continuou o seu trabalho, sorrindo.
Mesmo no meio da aldeia existe um forno e um alambique que foram recuperados. Pertencem à família Claro e onde ainda se coze a broa de milho e a aguardente, um fabrico centenário. Por entre as portas das casas, ouvem-se cabras. E, uns metros depois podemos ver ovelhas no pasto, sem darem pela nossa presença.
Em Aigra Velha a natureza foi sem dúvida generosa e se não fosse as nuvens escuras tornarem-se em chuva tínhamos ficado ainda mais tempo.
Outros Pontos de Interesse
Castelo da Lousã
O Castelo da Serra da Lousã, também chamado de Castelo de Arouce pois, localiza-se na margem direita do rio com o mesmo nome, é uma das grandes atracções turísticas da zona.
Consta que o castelo era, antigamente, uma das primeiras linhas defensivas, que controlava os acessos a Coimbra. Uma lenda local conta que o castelo terá sido erguido, na época da ocupação muçulmano, pelo Emir Arunce, para protecção de sua filha, Peralta e seus tesouros. Isto após ter sido expulso e derrotado de Conimbriga.
É Monumento Nacional, classificado por Decreto publicado em 1910. Tem vindo a sofrer trabalhos de conservação ao longo dos anos, sempre preservando a paisagem florestal. O castelo é pequeno, hexagonal irregular e usa estilos românico e gótico.
As muralhas são em xisto. Encostada à muralha e pelo lado norte, ergue-se a Torre de Menagem. A planta é quadrangular, com uma porta em arco ogival. O castelo deixa muito a desejar, uma vez que não podemos entrar. E está em obras, pelo menos na zona circundante.
Achamos que talvez a melhor vista sobre o castelo seja na estrada N236 onde existe um pequeno miradouro. Ao entardecer, sendo que a luz natural é muito boa, em contraste com a vegetação, é mágico. O castelo é um dos pontos de interesse do que visitar na Lousã.
Alto do Trevim
O Alto do Trevim é o ponto mais alto da Serra da Lousã, estando a 1200 metros de altitude. Para aqui chegar temos que atravessar uma das Aldeias de Xisto, o Candal e subir a N236.
Dizem os habitantes locais que em dia de boa visibilidade podemos ver a Serra da Estrela, o Oceano Atlântico, a Serra da Gardunha e até mesmo o Marvão. O Alto do Trevim é um local sensacional.
Aqui localiza-se o icónico baloiço do Trevim, que as redes sociais já popularizaram. Este, insere-se num projecto chamado ‘Isto é Lousã’. Criado em 2016 por anónimos apaixonados pela Lousã, que fizeram o melhor uso da criatividade para dar a conhecer esta região.
O projecto vai muito mais além do baloiço do Trevim, mas este é sem dúvida o mais procurado. Quando começamos a subir a Serra da Lousã em direcção ao Trevim, a paisagem é impressionante. Há clareiras pintadas com as cores outonais, ouve-se a água a correr e o silêncio contrasta com o som das torres eólicas.
Se não fosse os chuviscos que começaram a cair, tudo seria perfeito. Os últimos quilómetros em direcção ao baloiço do Trevim, são feitos numa pequena estrada. Devemos avisar desde já, bem degradada.
Um fim-de-semana na Lousã em alturas de Outono/Inverno é sempre um risco. E, para nós o Alto do Trevim foi o ponto menos bom desta visita. Pois, uma vez aqui chegados a chuva intensificou-se e o nevoeiro que se fazia sentir não deixava visível sequer as eólicas a poucos metros de distância.
No entanto, encorajamos todos os que queiram a fazer uma escapadinha de fim-de-semana na Lousã, nesta altura. As cores de Outono dão à Serra da Lousã um encanto único.
Sendo assim, não podermos tirar qualquer proveito do baloiço. Ainda fomos na sua direcção mais, o nevoeiro, o vento e a chuva remeteram-nos a voltar, num ápice, para o carro. Na descida resolvemos parar num pequeno parque onde existe uma fonte, podemos beber água fresca e aproveitar para recarregar baterias.
Perdemos algum tempo embasbacados com a paisagem. Nesta altura, não se encontra muitos visitantes na Serra da Lousã portanto, quase todos os espaços que visitamos estavam ao nosso dispor. Mesmo as condições meteorológicas não sendo as melhores quem vem passar um fim-de-semana na Lousã têm que visitar o Alto do Trevim (ou pelo menos tentar).
Praias Fluviais
Na Lousã existem 3 praias fluviais, são elas:
– Praia Fluvial da Bogueira
– Praia Fluvial da Senhora da Graça
– Praia Fluvial da Senhora da Piedade
É claro que a altura de Outono/Inverno não será a melhore para visitar as praias fluviais. Mas, às vezes até podem ser uma boa surpresa. Na altura de Verão, dizem-nos os locais, são muito concorridas, não só por turistas mas pelos habitantes, para refrescar do calor.
Apenas visitamos a praia fluvial da Senhora da Piedade, localizada na ribeira de S. João. Neste local existe uma pequena cascata, muito fotografada por causa do baloiço que ali se dispõe. Não sabemos o porquê mas, o baloiço foi retirado, pelo menos no nosso fim-de-semana na Lousã ali não se encontrava.
O espaço é pequeno, com bastantes árvores em redor. No Verão será certamente fresco.
Há algumas mesas instaladas, dando a possibilidade de juntar famílias ou amigos para um convívio. Durante o Verão o bar com esplanada está aberto e concede uma vista fantástica sobre a serra e as Ermidas de Nossa Senhora da Piedade.
Tem ainda chuveiro, casas de banho e é vigiada por nadador-salvador com um posto de primeiros socorros. Aqui está também estabelecido o restaurante O Burgo.
Onde Comer?
Já se sabe previamente que quem vai para a serra , vai-se deliciar com a gastronomia. Pois bem, na Serra da Lousã não é diferente.
Existem diversas zonas de lazer espalhadas pelas diversas Aldeias de Xisto, onde sobretudo, na Primavera/Verão é possível um bom piquenique, aproveitando as sombras das árvores.
No nosso primeiro dia deste fim-de-semana pela Lousã, resolvemos levar o almoço de casa e almoçamos num local chamado Terreiro das Bruxas. É um pequeno parque de merendas com mesas, bancos e até churrasqueira.
Quanto aos restaurantes na Lousã não são muitos e também são bastante procurados. É imprescindível a reserva com antecedência.
Eis alguns restaurantes que se pode encontrar pela Lousã:
Q.B. Restobar
Era onde tínhamos planeado jantar no primeiro dia de fim-de-semana na Lousã. Achamos que não teria muita concorrência por se situar no centro e ser época de baixa afluência turística. Não reservamos! Conclusão, estava tudo reservado e não conseguimos arranjar mesa.
O restaurante é pequeno, com um ambiente moderno. O menu é maioritariamente tradicional, mas também servem entre outros pratos, como francesinhas por exemplo.
Horário: Segunda a Sexta-feira das 12:00-14:30h e das 19:00-21:30h
Sábado só das 19:00-22:30h (encerra ao domingo)
Telefone: 239151281
Taberna Burguesa
Foi onde jantamos no primeiro dia do nosso fim-de-semana pela Lousã. Não sendo a nossa primeira opção mas quase por obrigatoriedade. Não fizemos reserva e tivemos a sorte de ainda encontrar mesa. De qualquer maneira acabou por revelar-se uma surpresa, pela positiva.
A Taberna Burguesa fica localizado no centro da Lousã, e faz-nos recordar as tabernas de outros tempos. A decoração é tradicional, completada com pequenos pormenores. O atendimento é fantástico. Optamos por um hambúrguer simples cada um mas, qual não foi o nosso espanto quando o senhor disse que o hambúrguer tinha 23cm!
Decidimos então dividir o hambúrguer e adicionar mais alguns petiscos. No final da refeição podemos dizer que, foi bastante saboroso e gostamos muito. Recomendamos para refeições rápidas e petiscos. E quanto ao preço é bastante razoável.
Horário: Segunda a Domingo das 12:00-15:00h e das 18:00-23:00h (encerra à Terça-feira).
Telefone: 253077483
Restaurante Casa Velha
Não tivemos oportunidade de provar os petiscos deste restaurante mas, dizem que é dos melhores pelo centro da Lousã. A cozinha é tradicional portuguesa, desde 1992. O espaço amplo, confortável e com panorâmica da cozinha.
É um restaurante de família, passando de pais para filhos e onde se conserva a tradição. A curiosidade desde local é que o espaço foi há já muitos anos, a rádio local. Um sítio com imensa história onde se pode comer do melhor.
Horário: Terça a Sábado das 12:00-15:00h e das 19:00-22:30h
Domingo das 12:00-15:00h (encerra à Segunda-feira)
Telefone: 239991555
Restaurante Ti Lena (Talasnal)
O restaurante Ti Lena é dos mais conhecidos na Lousã. Situado na preservada aldeia do Talasnal, recebe muitas visitas durante todo o ano. A casa toda em pedra, magnificamente recuperada adivinha a decoração rústica no seu interior. Afinal estamos numa das Aldeias de Xisto.
A ementa é toda ela tradicional portuguesa, com produtos regionais da Serra da Lousã como o mel e a castanha.
O restaurante deve o seu nome em homenagem à última residente do Talasnal. Aquando da nossa visita, neste fim-de-semana na Lousã não apreciamos directamente a comida do Ti Lena uma, vez que não almoçamos nem jantamos aqui.
Mas, pelas recomendação e depois de algum tempo de conversa com os habitantes locais, temos certeza que na cozinha da D. Lisete, proprietária, não há mãos a medir para a confecção de deliciosos petiscos.
Horário: Julho, Agosto e Setembro aberto todos os dias
Restante períodos apenas ao fim-de-semana ou durante a semana para grupos e sob reserva
Telefone: 911932948
O Burgo
O Burgo foi a nossa eleição para jantar no sábado. Tínhamos decidido previamente que iriamos provar a comida tradicional mas, apenas num dos restaurantes mais conhecidos.
Isto porque, não são de todo os mais baratos. E como tentamos manter sempre baixo orçamento quando viajamos, apenas fomos ao Burgo. Ouvimos falar maravilhas deste local, e a verdade é que não desilude.
O restaurante está situado junto à Ermida e à praia fluvial de Nossa Senhora da Piedade. Isto a poucos metros do Castelo da Lousã.
O espaço é um negócio de família, passando já por várias gerações. Ficamos maravilhados logo ao entrarmos, o ambiente é acolhedor e a simpática dos empregados faz-nos sentir em casa.
A ementa mais uma vez é dedicada aos sabores da região. A nossa escolha recaiu num prato de veado com batatas e cogumelos. Este restaurante é bastante conhecido pelo seu icónico ‘Rapsódia’ onde são servidos 6 entradas, 6 pratos e 6 sobremesas. Ainda pusemos a hipótese de pedir este menu mas, visto que um de nós não é bom garfo decidimos não avançar.
No entanto, para entradas foram na mesma 6. O prato principal, confeccionado para apurar os nosso paladar estava sensacional. A carne de veado é muito suculenta e tenra. Para terminar, e como um de nós adora doces, decidimos escolher ‘Pijama de sobremesas’, que é nada mais nada menos que 6 sobremesas.
Foi o auge de um jantar extraordinário. Recomendamos vivamente a experiência gastronómica no Burgo. Foi sem dúvida uma boa escolha para jantar neste fim-de-semana na Lousã. De realçar que reservamos previamente, caso contrario não teríamos vaga.
Horário: Terça a Quinta das 12:30-15:00h (jantar só para grupos e com reserva)
Sexta e Sábado das 12:30-15:00h e das 19:30-22:00h
Domingo das 12:30-15:00h (encerra ao jantar)
Segunda está encerrado
Telefone: 239991162
Sabores da Aldeia (Candal)
O restaurante Sabores da Aldeia situado na aldeia do Candal é outro espaço bastante concorrido. O espaço de restauração fica precisamente no edifício da Loja Aldeias de Xisto.
Baseia a sua oferta nos melhores produtos da região, incluindo o mel e as castanhas.
O mote do restaurante é ‘venha provar os sabores de outros tempos’. E os pratos são confeccionados em forno de lenha, num ambiente familiar.
Como qualquer uns dos outros espaços de restauração na Lousã requer marcação prévia. Apenas está aberto ao fim-de-semana mas, é possível almoçar ou jantar em dias úteis, para grupos e com reserva antecipada.
Horário: Sábado e Domingo das 12:00-15:30h e das 19:30-22:00h
Telefone: 239991393
Onde Dormir
Existem vários alojamentos de turismo rural espalhados pelas várias Aldeias dE xisto, ao longo da Serra da Lousã. Há também a possibilidade de reservar, com bastante antecedência, casas em xisto nas aldeias.
Nós decidimos ficar alojados no centro pois, em termos de localização seria muito mais prático para chegarmos a qualquer ponto da Serra da Lousã. A nossa escolha recaiu sobre o Hotel Palácio da Lousã.
Este boutique hotel está classificado como Património Histórico de Interesse Público. Isto porque, se encontra inserido num edifico brasonado, do século XVIII.
No passado, o imóvel, Palácio da Viscondessa do Espinhal, hoje é um autêntico ex-libris da Lousã. Consta que as invasões francesas fazem parte da história deste palácio, pois o comandante das tropas napoleónicas aqui se instalou.
A unidade hoteleira possui 46 quartos, divididos em duas diferentes áreas, 23 dos quartos estão na ala do palácio e os restantes 23 na ala nova.
O hotel pertence à cadeia DHM Discovery Hotel Management , a qual reaproveitou todo o espaço e tornou-o num charmoso alojamento. É ideal para relaxar mas, também para reuniões de negócios, congressos, workshops, casamentos e qualquer tipo de eventos sociais.
A localização no centro histórico da Lousã, permite-lhe ser a porta de entrada das Aldeias de Xisto. Fomos muito bem recebidos, e toda a atenção dispensada pela equipa do hotel contrasta com a grandiosidade do cenário de requinte.
Podemos dizer que ficamos radiantes com cada segundo passado aqui. A decoração é neoclássica. E conserva ainda pormenores arquitectónicos da época como, as portas e lambrins, tectos estuques, a escadaria na entrada e os frescos da sala de jantar.
O nosso quarto, na ala do palácio, era de uma elegância cuidada com uma decoração clássica. Foi sem dúvida perfeito para descansarmos neste fim-de-semana na Lousã. Ainda no interior do hotel e próximo do nosso quarto, localizam-se pequenas salas. Uma delas com um piano, outra com uma lareira onde podemos usufruir de um momento de leitura por exemplo, e a última com vários sofás para convívio.
No exterior, encontramos um pátio com pequenos sofás onde de Verão será agradável de se estar. E também a piscina, que por esta altura não será utilizada mas, que na altura de calor será certamente concorrida.
O pequeno-almoço foi servido na mesma sala onde se localiza o restaurante do hotel ‘A Viscondessa’. Certamente que os jantares serão tão deliciosos tais como foram o pequeno-almoço.
Uma autentica delícia de sabores, apresentando em buffet com produtos locais como o mel, o pólen e alguns bolos de castanhas. À conversa com o anfitrião da sala, diz-nos que pela altura de Verão o pequeno-almoço é servido no exterior, para que os hóspedes possam ter a agradável vista sob a Serra da Lousã.
Gostamos especialmente da luz natural que a sala do pequeno-almoço nos oferece, a contrastar com os frescos do tecto, tanto que nos demoraram por lá.
Ficamos completamente rendidos a todo o espaço envolvente, quer pelo património histórico mas, também pelo bem receber. É um local de beleza sublime em perfeita sintonia com toda a sua história.
O Hotel Palácio da Lousã é sem dúvida de extremo bom gosto, que recomendamos a todos aqueles que queiram usufruir do merecido repouso na Serra da Lousã.
Percursos Pedestres
Uma das melhores oportunidades para percorrer a Lousã é através dos percursos pedestres. Estes por norma, atravessam as Aldeias de Xisto. Sendo que facultam paisagens serranas envolventes.
Existem diversos percursos, dos mais variados níveis e para todos os gostos. São ainda apoiados por sinalética sempre visível, possibilitando toda a segurança necessária para a aventura e para que possa ser realizado de forma autônoma. Ao longo do percurso, a riqueza ambiental e patrinomial encontrada é explicada através de painéis interpretativos.
Como apenas tinhamos um fim-de-semana na Lousã decidimos que haveríamos de voltar para explorar melhor estes percursos.
Para mais informação acerca dos percursos pedestres podem consultar tudo em: Aldeias de Xisto ou Baldios da Lousã.
Algumas Curiosidades
Aqui nasceu o Licor Beirão
Quando pensamos em Licor Beirão certamente que a maioria não pensará na Lousã. Mas, foi precisamente aqui no início do século XIX que a história deste licor começou.
Inicialmente, numa farmácia, produzia-se medicamentos e licores naturais. Mais tarde, uma lei proibiu a atribuição de propriedades medicinais às bebidas alcoólicas. Reza a história que um caixeiro-viajante de vinhos do Porto, ao passar pela Lousã , se apaixonou pela filha do farmacêutico e casaram.
Não deixando a tradição morrer, o casal abriu uma pequena fábrica de licor. Em 1929 já aqui era produzido o que hoje chamamos de Licor Beirão.
Em 1940 a fábrica foi comprada por José Carranca Redondo que apostou em publicidade, na altura, com outdoors e foi bem sucedido. O licor é produzido na Quinta do Meiral sendo utilizados no seu fabrico sementes e plantas originárias da Serra da Lousã.
Produtos regionais
Para além do Licor Beirão a Lousã é também local de manufacturação de mel. É produzido pela abelha local comum (Apis mellifera). Este mel da Serra da Lousã apresenta uma coloração âmbar, por vezes até mais escuro e é viscoso.
Tivemos a oportunidade de provar ao pequeno-almoço no Hotel Palácio da Lousã e podemos dizer que é saboroso.
As abelhas são mantidas em colmeias móveis nas montanhas e vales da Serra da Lousã e alimentam-se sobretudo de urze selvagem e castanheiros. O mel é colhido entre março e agosto.
A apicultura é prática comum entre a população local das Aldeias de Xisto e o clima e geografia da Serra da Lousã fazem desta uma área ideal.
A castanha é abundante nesta região de Portugal sendo que todos os anos, pela altura de novembro, é realizada a Feira do Mel e da Castanha da Lousã.
A castanha é também rainha na doçaria tradicional, com grande parte dos bolos a serem constituídos, na maioria por este ingrediente. É claro que, a gastronomia regional também envolve na confecção dos seus pratos, como não podia deixar de ser, a castanha.
O nosso fim-de-semana na Lousã não ficaria completo sem provar pelo menos um dos docinhos tradicionais. Para o efeito escolhemos a conceituada Pastelaria São Silvestre, conhecida pelas suas caixas com uma pequena janelinha.
Os Serranitos são as doces criação desta pastelaria, os quais fizemos questão de trazer de volta para casa. Mas na caixa vinham também, as Delícias Serranas. Uma deliciosa lembrança da Lousã.
O nosso roteiro do que visitar na Lousã
Para selecionar bem o que visitar na Lousã é preciso ser coerente. Como só tínhamos um fim-de-semana, tivemos que escolher bem os locais a visitar. A Serra da Lousã ‘esconde’ lugares mágicos. Gostamos imenso das Aldeias de Xisto que exploramos.
Em todo o caso, deixamos sempre em aberto a possibilidade de conhecer outros locais que não tínhamos previamente seleccionado. E prometemos voltar em breve.