Neste guia podem encontrar tudo o que visitar em Melgaço. Fomos visitar o município inserido na iniciativa #euficoemportugal da ABVP – Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.
Melgaço situa-se na sub-região do Alto Minho, já na fronteira com Espanha. Escolhemos esta região uma vez que nunca a tinhamos explorado. O que mais nos atraiu foi o contato com a natureza.
Aliás esse é quase sempre um fator primordial para a escolha de um destino.
Melgaço afirma-se também como o destino mais radical de Portugal. E por isso, vimos também um atrativo para visitar a região.
Qualquer que seja o motivo, Melgaço tem tudo, sendo um destino muito completo. E agora que o verão está aí à porta, porque não aventurar-se por aqui.
Como chegar a Melgaço
Para além de aqui poderem ver tudo o que visitar em Melgaço, fica também a indicação de como chegar a esta localidade
Apesar de ser o concelho mais a norte de Portugal, chegar a Melgaço é relativamente fácil. As estradas de acesso são ótimas, mesmo nas pequenas aldeias. Não tivemos qualquer dificuldade.
A cerca de 2 horas do Porto, o ideal é ter viatura própria para explorar Melgaço. Para quem chega de fora do país, facilmente pode
Para quem não tem carro, é mais difícil, mas, existem opções viáveis de autocarro.
Desde o Porto, a Auto-viação do Minho efetua o trajeto, passando por Viana do Castelo ou Ponte de Lima.
Como estamos numa zona fronteiriça, as rotas internacionais de/para Espanha e França, ficam a cargo da Internorte e da Anpian.
Se fizerem uso destas opções, verifiquem sempre os horários com antecedência.
Quando visitar Melgaço
Este é um destino polivalente e qualquer altura do ano é boa para visitar.
Dependente claro do que o que visitar em Melgaço, ou seja o que realmente pretende fazer na região.
O verão e o tempo quente são propícios para as atividades aquáticas. Os invernos rigorosos e chuvosos são ideias para desfrutar duma estadia nas casas de pedra e ficar à lareira a relaxar.
Na primavera e no outono, é tempo para desfrutar da frescura da serra e realizar caminhadas.
Sendo que na primavera os montes enchem-se de cor com o desabrochar e no outono com a queda das folhas a experiência visual é igualmente sublime.
Visitando em junho, pensamos que o tempo estaria mais ameno. Mas, em terras altas a imprevisibilidade da meteorologia é mais acentuada. Acabamos por ter um pouco de tudo, chuva, frio, nevoeiro e sol.
Contudo, há que saber tirar proveito de cada situação, e mesmo nos dias mais cinzentos e com nevoeiro Melgaço é encantador.
Aliás, o nevoeiro dá um toque de misticismo a toda a paisagem serrana.
Visitar o município de Melgaço durante as festividades e eventos é também uma boa opção. As principais são:
- Festa do Alvarinho e do Fumeiro: normalmente em abril, que atrai pessoas de todo o país, ou não fosse esta uma das grandes feiras gastronómicas nacionais;
- Jornadas de Turismo de Natureza – Pegada Zero: em que o município abre portas a todos que queiram conhecer e explorar a região;
- Melgaço em Festa: realizado em agosto, integrando o Filmes do Homem – Festival de documentário de Melgaço, que celebra a cultura. A altura é também de regresso dos emigrantes à terra;
- Festa do Espumante: é um evento recente, mas, conta com produtores de espumante da região para mostrar o que de melhor têm;
- Em junho celebram ainda as marchas de S. João e o Corpo de Deus, em que as ruas são enfeitadas com tapetes de flores.
O que Visitar em Melgaço
Este é um dos concelhos menos aborrecidos que visitamos até hoje.
E, apesar da sua localização sentimos que os 4 dias que aqui passamos foram insuficientes.
Há sempre algo para ver, há sempre algum para fazer. Melgaço brindamos com paisagens incríveis, um vasto leque de atividades, diversos pontos de interesse cultural e histórico.
Queríamos visitar alguns dos pontos de interesse mais populares, mas também aproveitamos para fazer atividades radicais, caminhadas e conhecer a cultura e história.
Melgaço também é gastronomia e vinho Alvarinho. Por isso, logo no primeiro dia pelo município almoçamos no restaurante Jardim. Um negócio familiar com pratos deliciosos para provar.
Eis o nosso guia pelo concelho nos 4 dias que aqui estivemos:
Centro Histórico de Melgaço
Engane-se quem acha que Melgaço não tem assim tanto para descobrir. O centro histórico pode facilmente ser visitado a pé, uma vez que concentra grande parte dos seus pontos de interesse.
Destacamos:
- Castelo e Torre de menagem
- Igreja Matriz
- Igreja da Misericórdia
- Ruínas Arqueológicas da Praça da República
- Museu de Cinema Jean Loup Passek
- Solar do Alvarinho
Com esta situação toda que o nosso país atravessa ainda há muitas atrações fechadas. Assim, quando visitamos cada destino temos que ter em atenção este pormenor.
O castelo de Melgaço erguido por D.Afonso Henrique em 1170, foi um principal ponto de defesa desta localidade. No século XVII foi adaptado, mas, as muralhas sobreviveram.
Está classificado como Monumento Nacional por Decreto e a torre de menagem foi requalificada como núcleo museológico.
Não nos foi possível entrar e subir à torre pois está a ser alvo de intervenção e encontram-se encerrada ao público.
Junto ao castelo, temos a Igreja Matriz, erigida no século XII. No entanto, da igreja inicial pouco resta, uma vez que sofreu remodelações ao longo dos tempos.
O elemento de destaque desta igreja talvez seja o retábulo da capela lateral esquerda, datado de finais do século XVI.
Localizada mesmo no centro, a Igreja da Misericórdia ou Igreja de Santa Maria do Campo, data do século XIII. No seu adro, esconde duas sepulturas antropomórficas medievais.
Um pouco mais afastadas podemos encontrar as Ruínas da Praça da República.
Ao entrar percebemos que basta desce umas pequenas escadas e estamos num fosso medieval. Painéis informativos ajudam a compreender o que estamos a observar, como as várias calçadas e os restos de uma couraça em pedra.
O Museu de Cinema Jean Loup Passek era outro dos edifícios que se encontrava encerrado.
Apesar de tudo, para quem gosta de cinema (como nós) é um local muito interessante. No seu interior contém diversos objetos relacionados com a história do cinema.
O cineasta francês Jean Loup Passek, apaixonou-se pelo município, tendo doado um vasto espólio que está agora neste museu. Uma referência nesta matéria no país.
De todos os edifícios que passamos, o Solar do Alvarinho era o único aberto. Localiza-se numa casa seiscentista, e já funcionou como tribunal e prisão.
Hoje funciona como principal ponto de entrada para quem quer conhecer melhor e provar a casta de vinho verde alvarinho.
No piso inferior existe uma sala de provas, onde estão todas as marcas do concelho. Há também uma pequena loja onde se pode adquirir produtos regionais.
Mesmo para aqueles que não são grandes apreciadores de vinho, é um ponto interessante para conhecer melhor o alvarinho.
Termas de Melgaço
O histórico Parque Termal do Peso, fundado na segunda metade do século XIX merece uma visita.
Outrora, um médico de Vila Nova de Cerveira descobriu as propriedades terapêuticas das suas águas. Sendo que a primeira referência documental das termas data de 1884. Um ano depois a água começaria a ser engarrafada.
Durante anos as termas foram um local popular, quer pela proximidade dos concelhos vizinhos, quer das estações ferroviárias.
Em 1909 foi construído um novo edifício para tratamentos, onde está a Fonte Principal. Este é incrível, com estruturas em ferro, vitrais e azulejos. Não nos foi possível visitar pois estava fechado.
A Companhia das Águas de Melgaço viria a ser projetada em 1917 mas, as termas têm passado por vários detentores até aos dias de hoje. A Vidago, Melgaço e Pedras Salgadas faz ainda a extração e engarrafamento.
Apesar do declínio que tem vindo a sofrer ao longo dos anos as estâncias termais, em 2009 numa parceria público privada foi investida uma soma avultada para requalificação das termas.
Um parque infantil e um moderno café/bar nasceu no espaço, os espaços exteriores foram melhorados e também o pavilhão do balneário foi modernizado e ampliado.
Hoje em dia, dentro da área do parque há ainda um parque de campismo.
As propriedades curativas destas águas são ímpares no tratamento de doenças reumáticas, digestivas, respiratórias e diabéticas.
Uma das curiosidades é que a população local diz, ainda hoje, que a água da Fonte Nova terá outras propriedades que a da Fonte Principal não têm.
Aquando da nossa visita (junho de 2020) as termas encontravam-se encerradas, devido à situação excecional que vivemos.
Mas, todo o espaço envolvente pode ser visitado e aproveitamos para um belo passeio.
Quinta do Soalheiro
Estar por Melgaço implica obrigatoriedade de conhecer e provar o famoso vinho Alvarinho.
Na verdade, não somos grandes conhecedores nem apreciadores de vinho, mas, sempre gostamos de aprender mais e o Alvarinho é sem dúvida um cartão de visita da região.
A Quinta do Soalheiro é um negócio familiar passado de geração em geração.
Criado nos anos oitenta por João António Cerdeira, com o apoio de seu pai, António Esteves Ferreira. Decorria já o ano de 1982 quando a primeira marca de Alvarinho em Melgaço foi apresentada.
Atualmente, são os filhos António Luís e Maria João juntamente com a mãe, Maria Palmira que tomaram as rédeas do negócio tornando uma referência internacional.
Viemos de coração cheio deste lugar maravilhoso. As vistas sobre as vinhas são sensacionais, mas, foi toda esta família que nos recebeu de braços abertos e nos fez sentir em casa, que merece a nossa atenção.
A nossa visita à Quinta do Soalheiro começou por vermos de perto a vinha mais antiga do negócio.
Acompanhados por Carolina Osório, uma colombiana que se apaixonou pela região e hoje faz parte desta grande família. A Carolina foi super amigável connosco e para além disso, bastante conhecedora nesta matéria de vinhos.
Continuando a visita, fomos à adega e fizemos ainda uma prova de vinhos. Tudo isto foi tão interessante que nem demos conta do tempo passar.
Soalheiro – muito mais que vinho
A marca Soalheiro está muitas vezes ligada aos vinhos. Afinal, é a primeira marca de Alvarinho em Melgaço.
Neste ponto do país, as vinhas estão inseridas num vale protegido pelas serras que criam as condições ideais para a maturação das uvas desta casta.
Não podíamos deixar de referir que António Luís é o principal impulsionador para a criação de novos vinhos Soalheiro. Sempre recetivo a novos desafios, e com um vasto conhecimento sobre a casta.
Já a irmã, Maria João, tem um papel fundamental para a certificação de toda a vinha em agricultura biológica, defendendo por isso, uma viticultura sustentável baseada no respeito pela natureza.
Para além disto, o Soalheiro também ajuda os pequenos produtores locais. Um pequeno Clube de produtores de vinho verde nasceu para divulgar as potencialidades das diferentes sub-regiões do vinho verde.
Hoje em dia, as novas gerações que estavam a perder o interesse na viticultura voltaram a cuidar das vinhas e a vê-las como um negócio rentável.
Com tanto vinho em foco, existe sempre uma lacuna para todos aqueles que não apreciam e até nem gostam de vinho.
No entanto, no Soalheiro não há desculpa. Isto porque, sendo a biodiversidade e sustentabilidade ambiental um foco, houve a necessidade de enfatizar a tradição das infusões de ervas.
Visitamos também este cantinho das infusões na Quinta do Soalheiro, e até é possível fazer uma prova de infusões para todos aqueles que preferirem, em contraste com o vinho.
Quinta de Folga
Além da Quinta do Soalheiro, outro projeto da marca é a Quinta de Folga. Esta é sobretudo uma iniciativa para recuperar o que de melhor a região tem e estava em declínio.
Recuperando a produção natural, os porcos de raça Bísaro são criados livremente, aproveitando os recursos naturais e garantindo o bem-estar do animal.
O projeto veio também salientar a confeção dos produtos do Fumeiro de Melgaço.
Depois de conhecer um pouco da história desta quinta, de passear pela vinha e ver os porcos foi altura de jantar. Como de esperar os produtos locais e o vinho alvarinho foram reis à mesa. Tudo delicioso.
A Quinta de Folga acolheu-nos ainda por uma noite. E que noite tão bem passada, onde o silencioso da natureza tomou conta.
Não podíamos ter acordado melhor, com uma vista incrível sobre a vinha, onde a brisa leve da manhã contrastava com o chilrear dos pássaros.
Sentimo-nos uns privilegiados, uma vez que a Quinta de Folga não está aberta para alojamento.
No entanto, podem visitar, conhecer melhor o projeto, fazer várias provas e até ter uma experiência gastronómica.
Algo que aconselhamos vivamente, primeiro porque é sem igual, poderão desfrutar dos produtos da região com uma vista única e depois porque é uma experiência muito intimista, apenas para um número reduzido de pessoas.
Ao pequeno-almoço, Maria João, uma das impulsionadoras deste projeto fez-nos companhia. Rapidamente percebemos que é uma pessoa com ligações à terra, humilde e hospitaleira.
A nossa visita às quintas e o saber mais sobre a marca Soalheiro estava assim completa.
Melgaço: o Destino Mais Radical de Portugal
É de louvar o trabalho do município para promover o turismo ativo no concelho.
Uma panóplia de atividades está à disposição dos visitantes. Desde as mais simples, como o arborismo, escalada, rapel, slide, caminhadas, passeios de jipe até ao rafting, canyoning, canoagem, salto pendular, quad trip, entre outros.
Confirmamos que Melgaço é mesmo o destino mais radical de Portugal. É impossível ficar insatisfeito neste concelho, há sempre alguma coisa mais para fazer.
Dito isto, claro que tínhamos que experimentar algumas das atividades.
Quad Trip com a Melgaço White Water
Para começarmos logo em grande, fomos num passeio de moto 4. Apesar de já termos experiência na condução de moto 4, não se preocupem que todas as indicações são dadas.
À chegada o nosso guia João, da Melgaço White Water, explicou algumas regras que devíamos ter em atenção. É importante durante todo o passeio respeitar as suas orientações.
Um fato-macaco, capacete, óculos e luvas foi-nos dado para proteção. Sugerimos que levem roupa e calçado confortável.
E como estamos em tempos excecionais, tudo que foi usado por nós mais tarde seria lavado e desinfetado.
De realçar que apenas estávamos nos e o nosso guia. O número de pessoas por atividade teve que ser reduzido, mas a experiência tornou-se ainda mais intimista.
Em momento algum nos sentimos inseguros. O passeio é maravilhoso e podemos apreciar as paisagens e vistas panorâmicas.
Gostamos muito e é certo que iremos voltar para mais atividades. Para além do Quad trip/buggy trip, talvez uma das atividades mais procuradas seja o rafting, que inclusive podem fazer à noite!
Podem consultar toda a informação através do website da Melgaço White Water.
Rota da Pré-história e Canyoning com a Montes de Laboreiro
As nossas atividades não ficariam por aqui e já em Castro Laboreiro partimos em mais aventuras.
A empresas local, Montes de Laboreiro é tão completa e disponibiliza para além de atividades, alojamentos, produtos e ainda packs combinados.
Além das atividades, ficamos alojados no Miradouro do Castelo, em Castro Laboreiro, que pertence à empresa. Destacamos a centralização do alojamento que nos permite facilmente chegar às várias atrações e atividades.
Para a rota da pré-história saímos cedo e fomos de jipe explorar o Planalto de Castro Laboreiro.
O Planalto de Castro Laboreiro apenas pode ser acedido com veículos pela população local que aqui tem terrenos ou por empresas que realizam passeios de todo-o-terreno, a pé ou de bicicleta, mediante a devida autorização do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
Está localizado a uma altitude media de 1200 metros, em algumas partes vemos uma vedação para delimitar fronteira com os nossos vizinhos espanhóis.
Durante o percurso podemos observar cerca de nove dezenas de monumentos, que compõe a Necrópole megalítica.
Esta é a maior concentração da Península Ibérica e uma das maiores da Europa. De destacar que das mamoas aqui identificadas, grande parte ainda possui o dólmen no seu interior.
Em alguns casos, descobrimos ainda gravuras rupestres no seu interior.
O Planalto é um local cheio de vida e por isso, deve ser protegido. Nele várias espécies têm um refúgio, como o mítico lobo ibérico (que não conseguimos ver).
Pequenos mamíferos como os javalis, diversas espécies de aves, como a perdiz, vacas de raça cachena e manadas de garranos pastam entre a urze e a carqueja.
Nesta atividade com a Montes de Laboreiro apenas estávamos nós e o nosso guia, usamos máscaras de proteção sempre que necessário.
Achamos que foi uma mais valia fazermos isto com uma empresa local, uma vez que foi bastante informativo para nós.
O canyoning no rio Varziela foi outra das nossas aventuras. E apesar desta ser a segunda vez que fazíamos a atividade, uma vez que a primeira foi nas Kawasan Falls, nas Filipinas, esta foi completamente diferente.
A água é muito mais fria e não tão parada. Por este motivo, utilizamos equipamento necessário, fato, meias, botas, colete e capacete de segurança.
Ao longo do nosso percurso, realizamos vários saltos, e fizemos uma descida em rapel.
Mesmo para quem não tem qualquer experiência ou não é aventureiro, recomendamos. Existem vários níveis de canyoning, portanto não há desculpa.
Lamas de Mouro
Quando estávamos ainda a discutir o que visitar em Melgaço, a freguesia de Lamas de Mouro, situada em plena montanha sobressaiu.
Possui uma das cinco entradas para o Parque Nacional Peneda-Gerês, designada de Porta de Lamas de Mouro.
Aqui existe uma estrutura de receção aos visitantes. Neste centro podemos obter informação sobre percursos, mapas, saber mais sobre o contexto histórico-geográfico e valores culturais e naturais.
Para os mais pequenos a oficina temática representa um papel importante. Isto porque para além de realizarem atividades lúdico-pedagógicas, tem ainda uma exposição permanente que promove a beleza natural e cultural do território.
Várias zonas compõe a Porta de Lamas de Mouro, uma delas a área de lazer, com espaço para merendas, e outra o parque de campismo.
Este último muito procurado devido à localização geográfica.
No parque de campismo, para além das infra-estruturas de apoio, atividades é o que não faltam, como o arvorismo, rapel, slide, escalada e yoga.
Alguns dos outros pontos de interesse em Lamas de Mouro incluem:
- Forno comunitário
- Ponte de Porto Ribeiro
- Igreja de Lamas de Mouro
- Margem e praias fluviais do rio Mouro e rio Trancoso
- Trilho interpretativo de Lamas de Mouro
- Piscina natural do Parque Nacional Peneda-Gerês
- Serra da Peneda
Tivemos a oportunidade de visitar Lamas de Mouro, vindos da Branda da Aveleira e apesar do nevoeiro gostamos muito.
O misticismo em contraste com o verdejante da paisagem encantou-nos.
Branda da Aveleira
A manhã amanheceu com nevoeiro e mais tarde brindou-nos com chuva. Como a meteorologia é algo que não conseguimos controlar, decidimos tirar o máximo de partido.
Após o pequeno-almoço, fizemo-nos à estrada.
A Branda da Aveleira seria o nosso destino. Na estrada que vai já desde Lamas de Moura até à Branda o tempo resolveu dar uma trégua, talvez porque nos encontrávamos num vale.
As vistas cénicas contrastavam com o verdejante da paisagem, as vacas cachenas passeavam livremente pelo pasto, algumas junto da beira da estrada.
Mais à frente cavalos (garranos) escondiam-se entre as árvores. Que maneira mais avassaladora de começar a manhã.
Depois de algum tempo consumidos pelo bucólico da natureza, chegamos à Branda da Aveleira.
Brandas e Inverneiras
Numa pequena contextualização temos que perceber o porquê do nome. As ‘Brandas’ eram as residências de verão dos pastores do Alto Minho, uma espécie de casa de férias nos tempos que decorrem.
Durante as estações mais quentes os pastores, instalavam-se aqui para que os animais tivessem pasto.
De forma contrária, as ‘Inverneiras’ eram utilizadas nos meses frios. Isto porque, estavam menos expostas ao clima rigoroso da montanha.
Aldeia turística e Restaurante
Há já algum tempo que as Brandas deixaram de ser necessárias, muitas estavam abandonadas.
A Branda da Aveleira, no entanto, adaptou-se aos tempos modernos e hoje é uma aldeia turística destinada ao turismo rural.
O principal impulsionador foi um residente local, o Sr. Agostinho Alves que restaurou algumas das casas que possui na aldeia e é também proprietário do restaurante O Brandeiro.
Outros habitantes seguiram-lhe pisadas, e hoje a Branda ganhou vida.
A situação atual em que nos encontramos é de certa forma favorável para aldeias de turismo rural, uma vez que na generalidade os turistas estão à procura de locais isolados.
Se realmente querem conseguir estadia aqui, não pensem duas vezes, a Branda da Aveleira é mágica.
Não podíamos deixar de escrever sobre o restaurante da aldeia, O Brandeiro, onde almoçamos.
Foi criado de raíz, em harmonia com a paisagem envolvente. O espaço é amplo, confortável, luminoso e a utilização de grandes janelas vidradas permite-nos uma panorâmica deslumbrante.
O Brandeiro é um restaurante que alia a tradição e elegância. Os produtos regionais desempenham papel importante, fumeiro, queijos de cabra, a carne de vaca cachena e claro, não podia falta o Alvarinho.
Gostamos tanto do restaurante que voltamos para jantar. O bacalhau à Brandeiro era tão apetitoso.
No entanto, temos que elogiar a costela e naco de carne cachena, tão suculentos. Vale bem a pena, todo o percurso para culminar num almoço ou jantar.
Vinha de Alvarinho
Uma das coisas que mais nos encheu de alegria em Melgaço, foi o sentido de comunidade. Aqui todos trabalham em conjunto não só para a promoção da região, mas, também para a preservação do que de melhor aqui existe.
Recentemente, o Soalheiro aceitou o desafio do Sr. Agostinho Alves e desta parceria resultou uma vinha de alvarinho.
Neste caso, a primeira em Portugal a ser plantada a uma altitude media de 1100 metros.
O terreno ‘virgem’, sem qualquer cultivo anterior poderá ser uma grande ajuda na utilização da viticultura biológica e biodinâmica.
Aquando da nossa visita, ainda não havia uma data concreta para a primeira vindima. Mas, para nós já é um sucesso e conseguiu colocar a Branda da Aveleira nas rotas turísticas.
Abelhas Buckfast
Na Branda da Aveleira não à só vinha, mas, também abelhas, mais concretamente as abelhas buckfast. É uma abelha ancestral e uma das principais caraterísticas é o fato de não picar.
Há uma estação de acasalamento na Branda, a primeira de Portugal. Este projeto piloto atrai anualmente apicultores de toda a Europa.
Um alemão viu na região um enorme potencial para a criação de abelhas buckfast e aliando-se à população local iniciou esta trajetória de sucesso.
É possível visitar a estação de acasalamento e provar o mel. Apesar de não sermos grandes apreciadores de mel, este é apetitoso.
Castro Laboreiro
Ir a Melgaço e não visitar Castro Laboreiro diríamos que é uma falha muito grave.
Situada em plena serra da Peneda, manteve intactas muitas das suas tradições e costumes.
Durante a segunda metade do século XX, esta vila serrana sofreu um fluxo migratório, como em muitas das localidades em Portugal.
Hoje em dia, Castro Laboreiro apresenta um ligeiro crescimento populacional e o que não lhe falta é vida.
No centro da vila podemos encontrar a Igreja da Nossa Senhora da Visitação ou Igreja Matriz. De fundação pré-românica, do lado esquerdo possui uma torre sineira, mas, é o relógio de sol, com as horas em numeração romana, o elemento de maior destaque.
Relativamente adjacente, temos o pelourinho do século XVI. Para sabermos um pouco mais sobre a cultura castreja, o Núcleo Museológico é o local mais indicado.
Sabiam que aqui moravam as ‘viúvas dos vivos’? Este era o nome pelo qual as mulheres cujos maridos e filhos emigravam, eram tratadas. Vestiam o traje castrejo negro, até ao regresso dos mesmos.
A vila de Castro Laboreiro dá também nome ao cão. Usado sobretudo na pastorícia, guardava as propriedades e o gado do predador, o lobo inérico.
É um cão de carácter afável, apesar do seu porte. Hoje, ainda está presente no seio de muitas famílias. Cruzamo-nos com alguns mas, para melhor conhecer a raça podem visitar o canil municipal.
Em Castro Laboreiro come-se muito bem, e nós tivemos a oportunidade de provar uma das especialidades, o cabrito serrano, no Miracastro. Tão saboroso!
A simpatia de todo o staff do Miracastro foi contagiante, sentimo-nos muito bem recebidos. Aqui ficamos alojados e de manhã fomos presenteados com uma vista magnífica sobre o Castelo de Castro Laboreiro.
A cascata de Castro Laboreiro pode não ser a de mais fácil acesso mas, é das mais incríveis da redondeza.
A cascata apresenta vários desníveis, formando várias quedas de àgua sobre as altas fragas rochosas. Pode ser vista do castelo de Castro Laboreiro.
Castro Laboreiro é a freguesia mais antiga de Melgaço. Como tal, existe ainda muitos vestígios da sua história.
Castelo de Castro Laboreiro
O castelo de Castro Laboreiro deve ser das atrações mais procuradas na freguesia.
Não porque seja uma obra única de arquitetura, mas, porque a sua localização no alto dos seus 1033 metros permite usufruir das vistas mais exclusivas de Melgaço.
O castelo, está nos tempos de hoje em ruínas, mas, crê-se que a histórica deste local vem já desde a Idade do Ferro. Terá sido um importante ponto estratégico e histórico.
Ainda é possível observar os restos das muralhas, a torre de menagem e uma velha cisterna.
A Porta do Sol, a leste e principal porta de entrada. A norte, a Porta da Traição também designada d Porta do Sapo, que dá acesso ao interior.
Foi declarado Monumento Nacional por decreto em 1944. Sendo que em 1970 trabalhos arqueológicos foram realizados no local.
O acesso ao castelo pode ser feito por um pequeno trilho, sempre a subir, que está sinalizado e começa na estrada principal.
Para nós foi relativamente fácil, o tempo fresco ajudou. Em dia de calor, o melhor é visitar logo de manhã cedo ou ao final da tarde.
De qualquer maneira a vista compensa e sentimo-nos mesmo tentados a parar várias vezes para contemplar a paisagem.
Pontes Romanas
Ao longo da estrada municipal 1160, no percurso do rio Laboreiro encontramos várias pontes romana.
A primeira é a ponte da Assureira, onde também é visível o moinho de água sobre o rio Barreiro. Era anteriormente designada de ponte de S. Brás uma vez que está próxima da capela com o mesmo nome.
Da estrutura original conserva ainda os dois arcos cronologicamente distintos, um romano com grandes lajes e aparelho almofadado, e outro românico, de lajedo constituído por pedras miúdas.
A Ponte da Cava Velha, assim conhecida entre a população local, aparece logo de seguida. Embora, a placa marque ‘Ponte Nova’.
Esta ponte romana foi originalmente construída no século I mas, viria a ser adaptada na época medieval.
A beleza singela do local torna-a única. Para aceder à ponte basta, caminhar cerca de 2/3 minutos a partir da estrada principal.
A ponte romana de Dorna será talvez a mais enigmática nesta zona, pois não se conhece grande fatos.
Pensa-se que será uma construção do período oitocentista. Apresentada com tabuleiro e cavalete disposto sobre um arco de volta perfeita.
Todas estas pontes merecem uma visita, apesar de parecerem semelhantes, o contraste do meio envolvente é evidente entre elas. Não se perde muito tempo a visitar e é algo histórico.
Ponte Românica da Veiga
Encontramos esta ponte quase que por acaso enquanto explorávamos mais de Castro Laboreiro.
Antes da ponte, uma pequena área de lazer marca o terreno, mas, nós como curiosos que somos seguimos sempre em frente pela estrada em terra até alcançar uma zona aberta onde está a ponte.
A estrutura da ponte é toda ela em granito, com um tabuleiro arqueado sobre um único arco de volta perfeita.
Toda a paisagem em volta é estonteante, vacas pastavam bem ao fundo do prado, aves sobrevoavam, e até o raiar do sol ajudava.
Que sensação de paz. Perdemo-nos no tempo e acabamos por ficar aqui até quase o sol se pôr.
Viajar em tempos de Pandemia
Uma vez que a situação epidemiológica no nosso país encontra-se controlada e com o nosso governo a retirar algumas das restrições, foi tempo de nos fazermos à estrada.
Tal como a maior parte das pessoas ainda tínhamos muitas dúvidas sobre como iria ser o turismo. Contudo, em momento alguns nos sentimos inseguros.
Primeiro, Melgaço não é propriamente um centro turístico. Até nos deixa tristes porque há tanto para ver e fazer na região.
Era ótimo que os portugueses dispersassem mais, não irem sempre para os mesmos sítios. Há tanto para conhecer neste país.
Melgaço oferece ainda um vasto leque de atividades, satisfazendo as necessidades de viajantes solitários, casais, amigos ou famílias.
Segundo o que vimos nesta região várias medidas foram adotadas, tudo pela segurança.
É sempre isso que devemos ter em consideração neste ‘novo normal’. Se tomar-nos as devidas precauções é meio caminho andado para tudo correr bem.
Dito isto, a maioria do alojamento, pede obrigatoriedade de uso de máscaras nos espaços comuns e desinfeção das mãos (sendo que disponibilizam sempre desinfetante).
Os quartos são sempre desinfetados e se possível procede-se à quarentena do espaço. Isto é, durante cerca de 4/5 dias depois de utilizado e desinfetado o quarto não é utilizado.
O pequeno-almoço buffet acabou, sendo que podemos pedir o que quisermos de acordo com as nossas preferências (e se tiverem, claro).
Nos restaurantes as ementas são fixas, ou em papel, mas, sempre com os devidos cuidados. A capacidade foi também reduzida.
No que toca a atividades, os grupos foram reduzidos, isso também torna as experiências mais intimistas.
Todo o material utilizado seria posteriormente desinfetado e procede-se à quarentena do mesmo. Sempre que necessário o uso de máscara e a constante desinfeção das mãos é obrigatória.
No final, voltamos contentes pois, apesar de estarmos apreensivos de início, vimos que se todos trabalharmos em conjunto podemos retomar parte da nossa vida em segurança.
Não tenham medo de explorar Portugal, façam-no é de forma consciente. E talvez seja altura de optarem por locais mais pequenos e com menos turismo mas, que têm tanto para dar, como é o caso de Melgaço.
Nota: O Gabinete de Comunicação e Imagem da Câmara Municipal de Melgaço mostrou-se disponível para ajudar em tudo o que precisássemos. Agradecemos toda a amabilidade.