Para muitos viajantes a consulta de saúde do viajante é sempre um tema controverso, existem opiniões diferentes quanto às vacinas a tomar e os cuidados a ter.
Recentemente fomos a uma consulta de saúde do viajante e perante isso decidimos criar um guia de completo sobre esta questão no qual vamos explicar tudo que nos foi dito e a nossa opinião acerca do assunto.
O que é a consulta de saúde do viajante?
Sempre que pretenda viajar para um destino fora da Europa e dos EUA, deverá recorrer a um aconselhamento médico pré-viagem / consulta de saúde do viajante, que deve ser efetuada, com alguma antecedência (cerca de 1 mês antes da partida).
As consultas de saúde do viajante são efetuadas preferencialmente por médicos especialistas em doenças infecciosas, medicina tropical, saúde pública mas podem ser realizadas por qualquer médico no exercício das suas competências.
Qual a importância desta consulta?
Esta consulta tem como objetivo aconselhar sobre medidas preventivas a adotar antes, durante e depois da viagem.
Estas medidas dependem do país para onde viaja, da idade, do estado de saúde do viajante, do tempo que vai permanecer e do tipo de viagem.
Perante estes fatores o médico aconselha sobre:
- Medidas de proteção individual;
- Vacinação a realizar;
- Medicação preventiva da malária;
- Informação sobre higiene individual;
- Cuidados a ter com a água e os alimentos que se ingerem;
- O que fazer em caso de diarreia do viajante;
- Como se proteger da picada de insetos;
- Como se adaptar ao novo meio ambiente;
- Avaliar condições de saúde de grupos de risco (grávidas, crianças, idosos, etc…)
Também lhe podem ser fornecidas informações sobre a assistência médica e segurança no país de destino e aconselhamento sobre a farmácia que o viajante deve levar consigo.
Onde fazer a consulta de sáude do viajante?
Ao contrário do que algumas pessoas possam dizer a consulta de saúde do viajante pode ser realizado no SNS, não sendo necessário recorrer aos hospitais ou clínicas privadas, estes por norma cobram valores mais elevados.
Em Portugal pode ser realizada nos diversos centros espalhados pelo país, o blog Viajar entre Viajens elaborou uma lista dos centros de vacinação internacional existentes em Portugal.
Para cidadãos e moradores no Brasil, as informações sobre a consulta do viajante podem ser encontradas no site da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Para além destes centros existem outras possibilidades como consultas de sáude do viajante por telemedicina, neste caso a consulta é efectuada via skype com um médico especialista.
Deverá marcar com antecedencia a sua consulta uma vez que os centros costumam ter imensa gente e dependendo da sua viagem poderá necessitar de algum tempo antes para iniciar as vacinas e tomar as doses necessárias.
Que vacinas são necessárias?
Como enfermeiro, tenho noção que este assunto é controverso e por vezes confuso.
As vacinas necessárias para uma viagem dependem do locais que irá visitar, o tipo de actividades que irá realizar e quanto tempo irá permancer.
Neste guia vamos tentar esclarecer todas as duvidas relativamente as vacinas necessárias para o Sudeste Asiático uma vez que é a região que iremos visitar em breve, no entanto este guia pode ser aplicar a todas as regiões fazendo pequenas adaptações especificas de cada local.
A unica vacina requerida internacionalmente à entrada nos aeroportos e fronteiras é a vacina da Febre Amarela mas esta só é requerida se o viajante provenier de um pais onde a doença é endemica (Africa Subsariana e Améria do Sul) ou se for em viagem para estas zonas.
Como Portugueses não nos é exigida esta vacina, para os nossos colegas Brasileiros o panorama é diferente. Pode obter mais informações sobre as vacinas para viagem no blog dos nossos parceiros.
Alguns países podem ainda requerer outras vacinas mas são leis especificas desse país e o seu médico deve informa-lo antes da viagem.
Um exemplo é na Arábia Saudita que requer vacina contra doença meningocócica a todos os visitantes e contra a poliemilite em caso de o viajante ser oriundo dos paises onde a doença é endemica.
Vacinas incluidas no plano nacional de vacinação
Todos os viajantes são aconselhados a ter o seu plano de vacinas em dia e caso este não esteja, serão administradas as vacinas em falta. Vacinas como o tétano, hepatite B, difeteria, tosse convulsa, poliomilite, etc… devem ser verificadas pelo médico se estão de acordo com as normas.
Hepatite A
A hepatie A é uma doença presente em quase todos os continentes, principalmente nos paises menos desenvolvidos.
Esta doença transmite-se entre humanos por via oral-fecal e atraves de alimentos contaminados.
É aconselhado a toma da vacina da Hepatite A a todos os viajantes, independentemente da duração da viagem, para todos os destinos fora da Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Na Europa recomenda-se a vacinação de todos os viajantes para a Albânia, Roménia, Bulgária e países da ex-Jugoslávia, bem como, em caso de permanência prolongada, nos países Bálticos, Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia.
A vacina é constituída pelo vírus inactivado, sendo segura e com uma eficácia superior a 95%.
Esta vacina é essencial para prevenção da doença e recomendada à maioria dos viajantes. Em Portugal custa cerca de 30€.
Febre Tifoide
A Febre Tifóide é uma doença causada por uma bactéria e normalmente o contágio é feito através de alimentos ou água contaminada.
A vacina é aconselhada a todos os viajantes que tenham intenção de fazer refeições fora dos hoteis e principais restaurantes.
Se é amante de comida de rua, esta vacina é essencial.
Esta vacina normalmente é administrada na consulta de saúde do viajante e terá de pagar 20€ no total pela consulta e vacina.
Encefalite Japonesa
A enfefalte japonesa é uma doença infecciosa transmitida através de mosquitos contaminados com o flavivírus.
Geralmente a doença é assintomática, porém, se a encefalite chega a se desenvolver a mortalidade pode chegar até 30%.
É possível observar sequelas neuropsiquiátricas em cerca de 50% dos casos dessa doença.
A doença transmite-se pela picada de mosquitos (género Culex), infetados. Estes mosquitos alimentam-se no exterior das habitações desde o anoitecer até ao amanhecer.
Para os viajantes que se desloquem para as zonas de risco é essencial perceberem o nivel de risco e optar pela vacinação se necessário.
Devem optar pela vacinação todos o viajantes que se desloquem para os países afetados pela doença e que permaneçam por periodos superior a 30 dias em zonas rurais.
Durante a época de monções é aconselhada a vacina a todos os viajantes que se desloquem para zonas rurais mesmo que permaneçam menos de 30 dias.
Para além da vacinação é essencial que adopte medidas de prevenção das picadas de mosquitos, assunto que iremos falar em promenor mais a frente.
Febre Amarela
A febre amarela é uma doença hemorrágica grave e de elevada mortalidade. A doença é transmitida pela picado dos mosquitos Aedes infectados.
A fase inicial da doença é caracterizada por sintomas tipo gripal, com febre alta, dores de cabeça, dores musculares, falta de apetite e náuseas/vómitos.
Em cerca de 15% dos casos há evolução para uma fase tóxica, de elevada mortalidade, caracterizada por disfunção multi-orgânica (sobretudo fígado e rins) condicionando hemorragias generalizadas e anúria.
As áreas de risco são essencialmente localizadas nas áreas tropicais do continente Africano e América do Sul.
Para os viajantes que se desloquem a estas zonas devem tomar a vacina de prevenção, sendo mesmo obrigatório a apresentação de certificado internacional de vacinação ao realizar o embarque ou à chegada a um destes países.
Também é requerido esta vacina para às pessoas que viagem apartir do paises onde exista esta doença para qualquer outro país do mundo.
Malária
A Malária é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Anopheles infectado pelo agente Plasmodium. Actualmente, é endémica em mais de 100 países, sobretudo nos continentes Africano, Asiático e Sul-Americano.
A prevenção da Malária é de extrema importância, uma vez que esta doença é perigosa e muita das vezes mortal.
A prevenção passa por evitar as picadas de mosquito e fazer profilaxia com antimalários.
A profilaxia com medicamentos é recomendada aos viajantes que se desloquem para as zonas de maior risco, como zonas rurais e perto de cursos de àgua por um tempo significativo.
Para melhor perceber se deve fazer profilaxia medicamentosa deve consultar os mapas do CDC do país que pretende visitar. Por norma estes mapas indicam as zonas de baixo, médio e alto riscos.
Nas zonas de baixo risco não é necessário o uso de antimalários, apenas se aconselha a prevenção de picadas.
Nas zonas de médio risco é aconselhado o uso de antimalários para os viajantes que permaneçam por periodos superiores a 5-7 dias. No entanto é aconselhado o uso intensivo de medidas de prevenção de picadas.
Nas zonas de alto risco é recomendado o uso de antimalários e de medidas de prevenção de picadas a todos os viajantes independentemente da duração da estadia.
Profilaxia da Malária
A profilaxia pode ser efectuada com dois medicamentos, o Mephaquine ( mais barato mas com mais contra-indicações e efeitos secundários) ou o Malarone (mais caro mas com menos efeitos adversos).
Para a nossa viagem pelo Sudeste Asiático fomos aconselhados a tomar antimalários para o Laos e a Ilha de Palawan nas Filipinas, por estes apresentarem elevado risco de malária.
Nos restantes países optamos por medidas preventivas de picadas uma vez que apenas iremos visitar zonas mais urbanas e por curtos periodos (zonas de risco médio e leve).
Optamos pelo Malarone, apesar de ser mais caro, uma vez que este não apresenta tantos efeitos adversos. Cada caixa de Malarone custa cerca de 34€ e traz 12 comprimidos.
Este medicamento é tomado 1 vez por dia e inicia-se no dia antes da chegada ao local de risco, durante a estadia e 7 dias após a saida.
A profilaxia da Malária é um assunto controverso e alguns viajantes optam por não tomar. Apesar doque lê o melhor é visitar o seu médico antes de viajar.
O melhor conselho que podemos dar em relação a malária é evitar as picadas de mosquitos, sem picadas não há possibilidade de contrair malária.
Doença Meningocócica
A doença meningocócica ou meningite é uma doença causada por uma bactéria (Neisseria meningitidis ). Esta afecta principalmente crianças e adolescentes mas pode infetar adultos.
A bactéria pode ser transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias ou pela saliva.
A vacinação é recomendada para os viajantes que se desloquem a África Sub-sariana desde o Senegal à Etiópia.
Esta vacina também é exigida aos peregrinos que se desloquem a Meca na Arábia Saudita.
Cólera
A cólera é uma infecção do intestino delgado causada por uma bactéria. A transmissão é efectuada principalmente por àgua ou alimentos contaminados com fezes humanas contaminadas. O marisco mal cozido é um das principais fontes de transmissão.
Associada a esta doença estão locais com fracas condições de higiene, pobreza e falta de água potável.
Os sintomas podem ser de leves a graves, sendo os leves caracterizados por diarria aquosa, vómitos e cãibras musculares.
Se for grave, a cólera, pode provocar desidratação em poucas horas, oque provoca afundamento dos olhos, perda de elastecidade da pela e coloração azul da pele.
A prevenção da cólera com medicação oral é aconselhada aos viajantes que permaneçam por longos periodos em zonas de condições sanitárias precárias.
Dengue
Infecção viral transmitida por mosquitos mais frequente em todo o mundo.
A doença encontra-se difundida nas regiões tropicais e subtropicais da América Central e do Sul, África e sudeste da Ásia, e mais recentemente, expandiu para certas regiões da Austrália, continente Norte-Americano e ilha da Madeira (Portugal), acarretando, por isso, risco de transmissão ao viajante.
Não exite vacina para esta doença por isso a prevenção de picadas de mosquitos é essencial para se protejer da doença.
Diarreia do viajante
A diarreia do viajante é um dos maiores problemas de saúde do viajante. Esta doença está associada a àgua ou alimentos contaminados.
Cerca de 80% dos viajantes que se deslocam para áreas de risco contraem diarreia do viajante.
Para evitar esta doença é essencial que não ingira alimentos ou bedidas potencialmente contaminados, consumir apenas àgua engarrafada, evitar bebidas com gelo, procurar locais com boas condições de higiene e efectuar uma boa limpeza das mãos a cada refeição.
Para tratar este problema o viajante deverá hidratar-se abundantemente, se possivel levar sais de re-hidratação que deve misturar com água engarrafada ou fervida.
Também é aconselhado ao viajante levar consigo um anti-diarreico e um antibiótico, na consulta de saúde do viajante, o médico deve instrui-lo sobre a toma destes medicamentos.
Normalmente a diarreia do viajantes não se revela grave mas se apresentar sintomas graves como febre alta, diarreia sanguinolenta, purulenta ou deterioração do estado geral apesar das medidas de hidratação, deve procurar imediatamente assistência médica.
Cuidados gerais de saúde
Na consulta de saúde do viajante irá ser aconselhado sobre as vacinas a tomar conforme o seu destino e também sobre precauções gerais de prevenção, como as medidas a adoptar para evitar picadas de mosquito e cuidados com a alimentação.
Esta consulta é de extrema importância para evitar futuras complicações durante a sua viagem. Lembre-se que é a sua saúde que está em causa e que nada justifica compromete-la.
Pode encontar mais informações sobre viajar em segurança na nossa página sobre o assunto.