Foi em pleno dia 25 de abril que significa liberdade para nós portugueses, que decidimos passar um dia no Arouca Geopark mais propriamente pelas paisagens da Serra da Freita.
Antes de partirmos à aventura precisavamos de saber mais informação sobre os locais que queríamos visitar. Depois de alguma pesquisa, encontramos uma excelente pagina na internet que nos ajudou imenso no percurso.
Arouca Geopark
A pagina do Arouca Geopark (www.aroucageopark.pt) ajudou-nos pois integra uma extensa Rede de Percursos Pedestres, bem assinalados, no total são 13. Para além destes percursos pedestres nos quais podemos encontrar 41 geossítios devidamente assinalados, existem também as rotas & roteiros. A maioria deles leva-nos aos recantos da serra da Freita.
Esta na sua imponência enverga uma altitude maxima de 1085 metros, sendo esse ponto mais alto o pico de São Pedro Velho localizado na freguesia de Albergaria da Serra. O rio Caima tem aqui a sua nascente e o seu solo é, essencialmente do tipo granítico.
A serra da Freita juntamente com a serra da Arada e a serra do Arestal fazem parte do maciço da Gralheira.
O projecto do Arouca Geopark tem contribuído sem duvida para protecção e dinamização do património arqueológico e geológico do concelho. Em simultâneo tem auxiliado na promoção da etnografia, artesanato e gastronomia da região.
Já depois de analisarmos todos os percursos disponíveis, decidimos ajustar um deles à nossa medida. Uma das funcionalidades das rotas & roteiros é que podemos observar no mapa todos os locais.
Ora, desta maneira escolhemos um ponto de partida e fomos adicionando ao nosso próprio mapa os locais que queríamos visitar e que ficavam próximos. Podem visualizar a nossa rota no mapa abaixo:
No dia de partida à aventura acordamos cedo, para podemos aproveitar a manhã e o que ela tem de melhor. Depois de quase 1hora de carro chegamos finalmente ao nosso ponto de partida.
Levada de Santa Cruz
A Levada de Santa Cruz tem pouco mais de 1 km, situa-se no rio Caima próximo da barragem Eng. Duarte Pacheco. Nas florestas que envolvem a Levada podemos ver diversos fetos que aproveitam a inesperada humidade para prosperar. Podemos encontrar o lagarto-de-água e a rã ibérica, entre a flora temos o selo-de-salomão, o hipericão-do-gerês, o azevinho e o mirtilo selvagem. Desta vez não conseguimos ver a lontra próxima das margens mas, muitos pescadores tentavam a sua sorte na pesca do barbo, da boga ou até mesmo das trutas.
Depois de algum tempo a caminhar junto à Levada e já a aproximar-nos do fim desta deparamo-nos com mais um trilho. Seguimos esse pequeno trilho e estávamos no Poço do Pisão. O poço do Pisão situa-se num vale encaixado com as margens altas e fragas cobertas de vegetação. Quando chegamos ao local foi tempo de descansar e apreciar toda a sua beleza.
Aldeia da Lomba e a Cascata das Porqueiras
Já depois de alguns quilómetros de carro foi tempo de chegar à aldeia com o mesmo nome da nossa localidade, a aldeia da Lomba. O nosso objetivo era sim a cascata das Porqueiras mas, esta está num dos mais remotos locais da serra da Freita. Atravessando a aldeia da Lomba a pé deparamo-nos com um pequeno trilho entre os campos dos agricultores locais. Isto tudo devidamente assinalado com placas pelo Arouca Geopark.
A cascata das Porqueiras tem cerca de 15 metros e fica num vale encaixado da ribeira da Agualva, ganhou o seu nome devido à aldeia homónima que até à pouco tempo era habitada. Uma local contou-nos que morara outrora na aldeia das Porqueiras mas, um violento incêndio que deflagrou à alguns anos atrás foi o motivo pelo qual os seus habitantes tiveram que ser realojados, a maioria na aldeia da Lomba.
O trilho de acesso à cascata das Porqueiras não constitui muita dificuldade, embora em algumas zonas tenhamos sempre que ser mais cuidadosos. Desta vez não vimos o bufo-real que aqui habita nem o lobo ibérico ou o melro-de-água. No entanto, pelo caminho contemplamos o feto-vaqueiro e o azevinho.
As horas passaram tão rápido que quando voltamos da cascata das Porqueira era hora do almoço. O nosso próximo local de visita seria as Pedras Parideiras, então decidimos almoçar ali por perto. O caminho até lá foi uma aventura, atravessamos de carro a aldeia da Lomba e uns metros à frente entramos numa estrada em terra. Para melhorar ainda cruzamos com alguns bodes no meio da estrada e um cão pastor a perseguir o nosso carro.
Depois de tantas peripécias tiramos proveito da incrível vista nas encostas para algumas fotografias.
Pedras Parideiras
As Pedras Parideiras são um local extremamente turístico, uma vez que o seu afloramento é um fenómeno de granitização único no mundo. No local existe um museu onde é explicado todo este processo das Pedras Parideiras. É sem duvida algo único de presenciar, os pequenos nódulos vão-se libertando de um bloco de granito por efeito da erosão e dos excessos de calor e frio que moldam a serra. As pedras que ‘nascem’ são mais brilhantes, cor uma cor preta intensa, destacando-se do vulgar granito cinzento das pedras-mãe.
É de louvar todo o trabalho que tem sido feito para conservar, compreender e valorizar este geossítio de relevância internacional. É importante que os turistas sejam responsáveis e saibam preservar os locais que visitam.
Pedras Boroas
A poucos minutos das Pedras Parideiras existe outro local muito visitado, as Pedras Boroas do Junqueiro. Estas devem o seu invulgar nome à semelhança que têm com as boroas de milho. A sua origem estará relacionada com um conjunto de processos complexos relativos a desequilíbrios nas plaquetas exteriores da rocha.
No planalto envolvente podemos encontrar vacas, cabras e bodes a pastarem livremente embora, sempre sobre o olhar atento do pastor. Este planalto é de grande diversidade, principalmente na época de primavera onde podemos ver espécies como a libélula, a rela, o fura-pastos e o melro-azul. A sua maior riqueza é as turfeiras que acompanham as linhas de água de montanha, habitat de inúmeras espécies de flora como o narciso-das-turfeiras, a margarida, o cervum e a genciana.
Frecha da Mizarela
Ao final de um dia de aventura chegaríamos finalmente ao ex-libris da serra da Freita, a Frecha da Mizarela. Esta é considerada a maior de Portugal com mais de 60 metros de altura
Mesmo antes de descermos até à base da cascata podemos apreciar o seu esplendor de um pequeno miradouro que nos oferece vista panorâmica.
O percurso até à base da Frecha da Mizarela está devidamente assinalado no entanto, o caminho é um pouco íngreme, com algumas pedras soltas, portanto um pouco perigoso para quem não está habituado a este tipo de situações.
Em todo o caso vale muito a pena, pois o espectáculo permitido da base da Frecha da Mizarela é único, a sua opulência e imponência é surpreendente. Acabaríamos por ficar mais tempo do que o previsto e quando regressamos ao miradouro para finalmente cessarmos o nosso dia de aventura já se fazia tarde.
O nosso dia no Arouca Geopark foi tão sensacional que estávamos nós de regresso a casa e já pensávamos em voltar novamente para fazermos outro percurso.
Para todos os amantes da natureza, que gostam do contato com a serra, os seus animais, a sua flora e mesmo com os seus habitantes estes percursos disponibilizados pelo Arouca Geopark são sem dúvida um ponto de referência.
Para mais fotos visite o nosso portfolio do Arouca Geopark